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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

"OUT OF AFRICA", "A FAZENDA AFRICANA", "DEN AFRIKANSKE FARM", "ÁFRICA MINHA" OU "ENTRE DOIS AMORES": O LIVRO, O FILME.

Há tempos, assisti o filme.   
Estrelado por Robert Redford (em seu apogeu) e Meryl Streep, é vagamente baseado no livro que originou a história. Romance dramático, narra a história dos personagens Karen (Meryl) e Denys (Redford). Aborda o casamento arranjado da garota rica com o Barão von Blixen, a vida na fazenda, o divórcio e a amizade de Karen e Denys, que se tornam amantes. 
No livro, a África é o personagem principal; a autora, a observadora, que cunha suas impressões sobre a cultura africana. Obra de memórias, publicada em 1937, relata as experiências vividas pela Baronesa Karen Blixen Finecke, cultivadas nos dezessete anos em que administrou sua fazenda de café, no ...
Quênia.
O título do livro que li, "Entre Dois Amores (A Fazenda Africana)", publicado pelo Círculo do Livro, intriga o leitor, pois se a fazenda é um amor seu, a dúvida sobre seu outro amor persiste até as últimas páginas. O estado civil da autora é esclarecido na narrativa final do editor sobre a autora e sua obra e, em duas passagens, na segunda metade do livro, é revelada a existência de seu marido, ausente das descrições e narrativas. Portanto, de sua vida.
Se o filme é memorável, sob a perspectiva das atuações e do cenário exuberante, o livro, indicado para o prêmio Nobel, é o registro de uma cultura. Por um lado, traça o retrato dos diversos povos que compõem o povo queniano, seu folclore, costumes e peculiaridades; por outro, não se pode perder de vista que a narrativa, feita por uma mulher branca, rica e só, em um cenário com poucos brancos com quem se identifique, é permeada pelo preconceito. 
Não à toa. Não estamos no Brasil ou nos Estados Unidos, aonde os costumes ocidentais foram absorvidos pelos negros e imigrantes. Karen não poderia integrar-se, mas apenas descrever, segundo sua perspectiva.
Assim, pode-se ler, nas linhas e entrelinhas, o choque cultural sentido pela autora, que amou as pessoas que lhe serviram, sempre como a mãe branca, a boa colonizadora, filha de uma raça superior. Há envolvimento emocional, apesar do perceptível distanciamento.
O estilo da autora, de início, é lento e descritivo. Aos poucos, as descrições perdem espaço para a narrativa e a obra ganha ritmo e força. Vale ao leitor persistente o prazer das descobertas, lançadas como pequenas histórias que se intercalam, no plano antes traçado.
Estão retratados não apenas as paisagens, o povo (kikuyus, suaílis, somalis, árabes, massais), alguns brancos errantes e seu ferreiro indiano, como também os pensamentos de Karen Blixen (que adotou os pseudônimos Isak Dinesen, para as versões inglesas; para os escritos em alemão, Tania Blixen e, ainda, Pierre Andrezel, utilizado em "Vingadores angelicais"). O choque cultural não é sentido, apenas, pela autora, mas pelo leitor, em passados tantos anos da feitura da obra. 

"Eu também tive de cuidar do destino de meus cavalos e cachorros. Desde o começo, minha intenção era abatê-los, mas muitos de meus amigos escreveram-me, pedindo para ficar com eles. Depois disso, sempre que eu saía a cavalo junto com os cães, parecia-me que seria injusto, realmente, abatê-los - afinal, tinham ainda tanta vida dentro deles. Demorei muito tempo para decidir a questão. Acredito mesmo que não tenha me comportado de maneira tão hesitante em relação a qualquer outro assunto. Afinal, decidi que os daria para meus amigos.
Fui até Nairobi em meu cavalo favorito, Rouge, muito lentamente e olhando para todos os lados, para o norte e para o sul. Deve ter sido uma coisa muito estranha para Rouge ir pela estrada de Nairobi - pensei - sem depois voltar. Eu o instalei com alguma dificuldade no vagão do trem de Naivasha, ficando ali, por alguns instantes, sentindo, pela última vez, o contato de seu pêlo sedoso de encontro a minha mão e meu rosto. 'Não te deixarei ir, Rouge, a não ser que você me abençoe.'"

"Às vezes, Denys falava em transformar Takaunga em seu lar na África, e de iniciar ali seus safáris. Quando comecei a falar em deixar a fazenda, ele me ofereceu sua casa no litoral, já que ele usufruíram tanto da minha nos altiplano. Mas pessoas brancas não conseguem viver durante muito tempo no litoral a não ser que contem com confortos especiais, e Takaunga, de fato, era muito baixo e muito quente para meu gosto."

"É bem possível que fossem, na vida como um todo, imersos em seu próprio elemento, como peixes de águas profundas incapacitados existencialmente de compreender nosso medo de nos afogarmos. Essa segurança, essa arte de nadar, eles a tinham, eu pensava, por terem preservado um conhecimento que nós havíamos perdido com nossos primeiros antepassados; de todos os continentes, só a África nos ensinará que Deus e o Diabo são uma e a mesma coisa, coexistindo majestaticamente, de sorte que não são dois os incriados, mas apenas um - e os nativos africanos cultuam a duplicidade na unidade e a unidade na duplicidade, sem nem confundir as entidades ou dividir a substância."

"Eu deixara Farah na fazenda para receber Denys, de modo que não tinha ninguém com quem pudesse conversar. Em tais circunstâncias, os kikuyus não são bons companheiros, já que as idéias que fazem da realidade, e a sua própria realidade, são diferentes das nossas. Mas eu ia almoçar com Lady McMillan, em Chiromo, e ali, pensei, teria oportunidade de conversar com pessoas brancas, recuperando assim meu equilíbrio psíquico.

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Maria da Glória Perez Delgado Sanches

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